Definitivamente, não preciso existir.
Se existe o produto de minha ausência em arte
E fizesse calar minha voz o verso
Meu olhar fosse o seu ao livro no prelo
Deixaria as linhas de meu destino no desatino da leitura
Da literatura minha e que por mim vive
Surra, urra, lânguida aparece de repente
Sem presença de vida
desvia a poesia uma cara oculta
A aparência nula, a repetição absurda
O sentido desdobrando em mais sentidos,
A máscara forçada à palavra usada
A lâmina suave rasgando a garganta
Fera de posições contrarias ao poente
Fera solta na prisão do corpo todo
Feito espectro inútil em fúria
Um lampejo de idéia escapa e retém brevidades
E retém no fim a apoteose das matérias do que resta
Resta pó e silêncio, resta a brisa em movimento
Saudações aos povos das ruínas,
que juntam pele entre as unhas
estão fatigados de signos,
numerando sem números a quantidade de mortos
a atravessarem o lençol maculado estendido
sobre alcova da história
sob a escassez da vida,
como sopro último do moribundo que fui...