segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Contrario Idéntico

No estás tú en todo lo que está

Y lo contrario es idéntico

En todo lo que está, estás tú.
Tu ausencia llena de vacío todo
desapareces frente a lo que se me aparece
recuerdos revolotean al intento de retenerlos
oscura foto tuya tan solo veo
esa imagen permanente del olvido…

domingo, 29 de novembro de 2009

Incompleto

Tu tez resbala por mi cuerpo desnudo,
tu rostro en flor de luz, desde el oscuro
emerge, tejen tus uñas un rápido temblor
y las horas tumban la luna, resplandor.

Desde la orilla de tus ojos veo,
las aguas agitadas de mi anhelo,
multitud de demonios atraviesan corriendo
las olas de pétalos negros y hielo.

Secretos míos de mi mismo secretos.
Enamorado detengo lo imposible.
Mueren los deseos de deseos repletos.

Fotos, espejos, libros incomprensibles,
Werther eternamente incompleto
Tu: matriz de vida, sueños increíbles…

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Despertar para un real ensueño

Abro apenas los párpados, es el despertar mi real ensueño. Tu rostro, tibia imagen que salta hacia el ojo, rubra sangre brota de un cuarto en luz, despertarme en pedazos tuyos, bajo espacios despacio que reposan mi espíritu en cruz…
Momento lento, muerte que, de a poco, en los labios de la mañana derrama, fuente y lluvia de gotas en llamas, en las manos rayos oculto, en el pecho tu añoranza, recuerdo blando quebrando la distancia… me detengo en el tiempo, nublado por adentro, despierto a tiempo de tenerte en sueños.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Regreso

Sin luces la pantalla: espejo inverso de mi universo… una cocinera degolla un violín de cuerdas de tripas y cabeza de gallo, las señales violentas desesperan al público que atónito deja escapar un murmullo casi incomprensible - tu nombre, dicen…
Las calles de todos los días, los mundos enfrente, templos labrados y ajenos, serios, Paulicéia de mi olvido, mudez en la mañana, ojos turbios abarcan con ternura la pálida imagen, fragmentos de tiempo, tiempo de un planeta donde abrazaba y te escondía en la juventud de mi cariño y a fuerzas de mis lágrimas…
Calofríos si te pienso, llanto intenso si te pienso. Amarga postura: espaldas hacia los segundos que en desenfrenado galope avanzan, hecho llamarada y me atraviesan. En mi espíritu rincón ninguno descansa, bajo torturas de piedras blandas, cárcel, privada de esperanzas, en mi regreso un paisaje desierto, son mis ojos aun turbios el agua eterna de tu recuerdo…

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Contínuo

Uma nuvem escura esconde de Montevidéu os bichos úmidos de uma esperança, à espera de um sol mais amarelo, talvez para lavar a bandeira de verdes que não tem, e reverter inversões exatas à flâmula norte americana, as cores desbotam nos pátios pátrios e é um mar de magoa o choro no peito do menino...
Nas ruas músicas deslizam seus acordos nas lajotas finas e quebradas, raízes de potências sumárias arrebentam o cimento para erguer além do céu ramos de verdades, que os têm, sob o firmamento celeste que demorando sobre enamorados uma ternura viva, deixa fundir as alianças, firmando um pacto de mãos dadas.
E é assim que me perseguem as duas amigas antigas de minha infância: imagens e lembranças. De naturezas dispares cada qual com a dor própria o e riso desmedido... sou de mim meu maior aliado, fui de mim meu grande inimigo, mas serei até o fim a finitude de minha sombra e senhor só de minha solidão.
Por isso quando passo, passo a passo os dias nublados, as músicas que emocionam, sob árvores, cheiros, arrepios conhecidos, no mármore alto que a memória esculpiu, no choro vazio de menino, pelas estrelas nas mantas vazadas, uma lua sem destino, fecho forte os olhos e sorrio, um minuto... e serão de novo todas as lembranças no peito guardadas, como o contínuo mar, de repuxo infinito...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ao abrir a foto

Eu achava simples abrir a foto e descobrir tudo o que mudou de nosso pensamento. Como a liberdade que, concentrava as melodias de nosso olhar, eram vertidas, secretamente, na rítmica moribunda de nosso cotidiano...
(Cuesta creer que los deseos, trampas armadas hacia el próximo paso, hayan sido justamente plantadas por el ocaso de nuestro albedrío… que a cada paso al destino multiplica en segundos las partículas tomadas por fugases decisiones… he decidido marchar por el sendero un día más, como si fuera posible, aun solo, llegar por fin, a un día más…)
É… não é nada simples defrontar, utilizando as lentes cristalizadas pela idade, o brilho vertical, o feixe de luz de nossos olhos que fende as dimensões, as paisagens imobilizadas pelo nosso olhar contemplativo que me contempla enquanto eu contemplo a foto... tardes distantes... e feito espírito de cadáver que desespera ao se deparar com a finitude do próprio corpo, assim chorei quando a nossa foto abri, e muito longe percebi, que nesse ato havia tramado, uma vez, entre tantas mais, o nosso fim...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A obra definitiva

Prestes a realizar
a obra definitiva,
esquento as palavras
esfregando as mãos,
nas teclas a calma
de fazer um poema
sincero como o olhar
que entre nosso abraço aperto.

E me interessa muito ouvir a cumplicidade muda de nosso silêncio. E custa muito crer no tempo, no tempo que levamos somados em cada café bebido, no tempo passado de um futuro infinito, no tempo esse espião aliado de nossas conversas, amigo..
Sempre preparo a frente o poema definitivo, transborda de minhas mãos o próprio espírito que respira agitado com a possibilidade de ver-se transcrito, mas é de fato só mais uma tentativa, entre tantas, de manter o vínculo, entre você e eu... e aquilo que amamos: o poema escrito...

terça-feira, 14 de julho de 2009

A sombra mais alta...

Vou descendo as encostas que beiram o grande caudal de prédios, a sombra deles supera em altura qualquer cidade do planeta. Sigo a correnteza, agora vermelha e lenta, são meus arrepios os próprios tremores de asfalto. Desço uma escada, e outra, um viaduto atravessa o céu, um túnel passa sob minha cabeça, cabeça que se multiplica aos milhares nas luzes das poças, cabeças chatas.
Então, no frio de cordilheiras que os morcegos vêm entre as folhas secas, um cântico antigo ressoa no silêncio de tudo, um canto maldito, à saudades...
E é tal canto como a escadaria longa que num sem fim me repito a descer, degraus separam palácios das ruínas, ao longe o fixo deserto tolhe as asas, caminho sem elos, entre a união indivisível do que foi e do que virá. Caminho, pois se correndo fosse, um estreito e rápido fim me conduziria...
Continuo descendo as escadarias e é a saudades lá em cima uma sombra alta, a mais alta que jamais voltarei a pisar...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Asas de meu espírito

Deito as asas de meu espírito nas nuvens suaves que atravessam os séculos, feito descanso de predador planando nas sombras de seu próprio vôo. É alto, alto desejo. Deserto aberto no presídio das pálpebras, aberto o sorriso na imensidão do pensamento em nada. Mas toda ave de rapina desassossega em sua fome de tempos, e a sombra lá de cima começa a se agitar com a ventania, no platô amplo de seus olhos as imagens deslizam velozes e em saltos as presas tardam, um pouco, o inevitável abate... o mergulho rasante não poupará vida.
O corpo então desprende da cama as teias de fadiga a que fora submetido. Corpo que encontra espaço dentro da alma, desafia a queda e estabelece como destino o tortuoso caminho dos versos. A aventura não será fácil: inclinar-se a executar com imagens - sem o uso delas - as imagens oníricas de momentos anteriores. Desenhar o tempo, diluir o espaço no oceano das infindas possibilidades, habitar em contornos invisíveis e efeitos inéditos.
Escrever, atividade nobre. Nobre como a seiva da árvore no bico da calandra que, se chocando nos limites de sua pátria, leva ao lírio, do outro lado do rio, um sistema complexo de nutrientes. Não mais nobre que os dentes trabalhando no almoço sacro do operário. Nobreza como o ato-sacrifício de ensinar. Há uma mágica intrínseca que emana do espírito nobre, atrás dessa mágica apresso as teclas, esticando ao máximo os dedos, roçando o talento, que por natureza, sempre volta a escapar.
As camisas de forças da razão impossibilitam a mobilidade das letras, nada fica com o saber. O saber acaba com a percepção de tudo, com sua contemplação, com tudo que se tenciona em dúvida e com toda a vida que a contradição gera... uma semente a menos nos campos do mundo toda vez que o sábio levanta da terra velhas convicções.... Agora, um astronauta no espaço, joga nas estrelas, uma série de incoerências. É interessante ver a falta de encaixe que há nas arestas únicas de cada luz.
E assim, finco na historia as garras, sigo mudo pelo mundo, rastros de poeira lírica deixo, que mais poderia desejar deixar? Alto, alto desejo. Madrugada adentro o corpo se afoga na cama uma vez mais e a saudades começa apertar... fecho os olhos por um momento, o suficiente pra ele umedecer os sonhos e eu voltar a voar...

terça-feira, 7 de abril de 2009

A garganta berra

A garganta descansa. Será música o silêncio do som, sonho fecundo sem pensamentos... as estrelas não existem. Não existem mares, nem silêncio, não existe existência, eu lamento... só você existe, como única razão da razão, como um borrão no peito aberto, como uma cicatriz profunda entre meus lábios. Você, razão para minha loucura. É você o interminável porre de meus sentidos entorpecidos. Você o barulho, o medo, o pensamento... o improvável, o único, inadiável. Cão de seu domínio: meu coração é um segredo pra mim, um mistério em mim... eu continuarei, pois não me resta outra a não ser continuar, mas se sabia aonde ia, agora, nem sei saber, só a dor funde por não ser, como prova concreta de quem fui, levar a lembrança aberta, a garganta berra e você... você sequer vai ouvir...

terça-feira, 31 de março de 2009

Quero você

Quero que você empurre meu corpo débil ao precipício do vício... quero sentir a vertigem da morte entre meu dedo e o gelo do wisky. Saiba que eu não temo as luzes das brasas no escuro nem as sombras dos teus beijos lascivos que soltam meu espírito de uma altura, de onde eu pensei que nunca mais fosse cair, e caio enfim: completamente ébrio, no álcool da sua boca adormecida que eu rapidamente reanimo com o desejo desesperado de me deter dentro, dançando em você, inerte, ao compasso de seu pulso...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pra além da saudade

Fui levado pra
além das saudades,
recinto que me esconde
os olhos encharcados
o soluço ininterrupto...

Pra além sou levado
à compaixão de mim
por você, triste,
mas não rebaixa senti-la,
porque não é piedade,
com paixão a sinto,
rasgando por dentro
o dentro mesmo
de nós mesmos...

Pra além das saudades,
desespero.
Tocar a lembrança
com a ponta dos dedos
desvanecendo o tempo,
somente a dor ampla de reter
a efêmera lembrança
que toca e vai embora,
rasgando o avesso de nós
nos nossos espelhos.

Fico preso,
pra além da saudade
desespera e por ser só ela
é que sou tão só...

Pra além da saudade
dorme o eterno
despertar da ausência
eterna, toda manhã desperta
você rasgando o universo
desde esse lugar que está
muito além das saudades.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Se sigo por você será - Resposta a Mamá..

...Eu sigo. Puxando estarão todos os vértices de minhas dúvidas ancoradas nas águas volúveis de meu reflexo. Estará lá, a problemática do porvir numa equação assustadora, em cubos mal calculados: a exatidão que o tempo exige Eu perseguirei - pelas estreitas horas do dia, arrastando as pesadas cadeias de minha história - as estrelas que apontam eternas as vísceras de minha poesia... Eu seguirei ainda, porque sei que à espreita me esperam para surpreender e festejar o logro novo de permanecer vivo mais um dia... Se sigo certamente é porque sei que virá. Virá tal qual você disse que seria, com a mesma descomensurada potência, com a força precisa daquelas imagens... e daquela paixão. Se eu sigo por você será...

HÁ DE VIR O QUE VIRÁ - Escrito por Adriana

virá
virará a esquina para te surpreender pelas costas
do teu pescoço pendurada arrebatará o fôlego estrangulará a garganta
virá
gigante e pesada arrastando seus pés e apagando tuas pegadas
virá
com unhas afiadas para fincar em teus ombros
virá
numa virada de lua e na ascendência solaz
fincará seus dentes na carne para te marcar
virá
quererás correr
mas ela mais irá te segurar
virá
descompassando os passos a te rastrear
fecunda a se multiplicar
virá
e não terás saída só te apaixonar
pela paixão que veio te buscar.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

26 de fevereiro de 2009

Mais e mais emaranhado na elipse das palavras, jogo de submersão e entorpecimento, as raízes aparo e nos rizomas paro. Na estória de vida, mais um dia cheio de letras, alguma incandescente fundiu-se numa frase e gravou à carne uma dor deliciosa de espírito... eu releio as correspondências neste jogo de desvelar e medo, neste jogo de sentir e ser... as escadas a galgar, levam a lugar algum. Idéias a furtar, pra berrá-la como se fossem minhas. Tanto beijo desperdiçado nas linhas destas grafias confusas, mas que de tão sinceras, iriam tatuar os teus lábios de versos sublimes!Saberá ouvir o seu coração a música do meu? Saberá decifrar, neste instante de encontro, as líricas selvagens que se desprendem de minhas verdades como se fossem suas verdades. Verdades inconfessáveis, inadmissíveis, insuportáveis... que atingem o ápice na proibição de existir, e extrapolam a existência, numa sensação intensa, inédita, que ultrapassa a distância deste instante para atirar-me ajoelhado, perfeitamente nítido no olhar do teu espírito que sentirá então palpitar apenas a música agitada de nossos corações...

24 de fevereiro de 2009

De que maneira seguir...? Isto aqui é falso demais, cabe em sílabas, signos, representações arbitraria, fortuito da palavra, causa escassa aproximação ao verdadeiro, é fingido escrever com teclas e não borrar nos pontos manchas quentes de sangue... O meu maior aliado, profundo reflexo que de seu olho resgato, agora, é meu gato. Pequena alma borbulhando ruídinhos satisfeitos...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Olho dentro de teus olhos

Olho dentro de teus olhos e toda a verdade a mim se revela. E é a transparência dessa revelação a chave que abre todas as portas do mundo. Por vezes a névoa rasa que entre suas pálpebras se forma de lágrimas serve de lente para uma clarividência maior: toda verdade nada significa diante de tamanha beleza. Então comovido, numa comoção retida por entre os poros do espírito, busco o brilho de teus olhos em todo poço de luz do vasto platô do dia, por meio de livre associação relaciono dentre os mais banais acidentes cotidianos uma desculpa boba para trazer a tona a tua aparição...
Alerta, descubro você em tudo. A física do pensamento emoldurado pela janela atrai você aos raios do sol, por entre os carros que atravesso constantemente sem fôlego; nas tensões dos fios, nas curvas dramáticas das sombras das ramas, passeio meu pensamentos pelo fundo do céu, desço às pedras que se forçam em meus pés, e a cada sobressalto de compreensão imediata, de algum movimento desvendado da realidade, sublimação, volta num flash teus olhos, sempre o brilho deles, como símbolo nítido de algum milagre... Frente a ele toda a verdade vale o que uma mentira vale... não mais do que uma mentira vale...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Oh coração meu!

Oh coração meu!
que turvo fica quando nele se inclina,
em pantomimas,
uma conversa sua e minha,
uma conversa só de gestos
e carícias...

Perdidos nos montes
de cimento duro,
da vida quase toda dura,
de Sampa
saíamos ao carnaval
de nossas vidas,
comprometidos apenas
com a rapidez de nossas respostas puras.

Compasso sinalizado
com o suor de nosso gozo
o andamento físico
de sangue das artérias
nas valas do centro,
integro corpo de movimentos
simultâneos
– ah voz da urbe! –

Desejo sem contenção do coração,
me obriga ao mais sincero jogo,
atira do centro as pedras em fogo
entopem sem brechas,
qualquer possibilidade
de não-paixão!

Con la frente fría

Con la frente fría, rayos nulos se entrechocan con el muro: tapadera gris de mi visión de mundo. Distancias entre las letras de me actividad imaginativa y sentidos, sueño con la constancia de poder soñar, gozo del que vive, calma del que muere... se me aísla dentro una voluntad de guerrero encadenado en la furia del cuerpo sucio, perezoso, bañado a un vomito continuo de años de vinos espumantes en las olas heladas de una prisión oceánica de burbuja y mar, sur de pescas sin esperanzas, desnutrido, se me han secados los huesos y ellos han pinchado el lado más sensible del corazón.Y es por ello que no puedo escribirle ni siquiera al dolor. Duele más el intento. Duele como nunca el silencio. Duele el oído tapado, el desinterés, no tuyo – que nunca lo hubo- pero el mío mismo, como un canal de ritmos aburridos, conocido matiz por matiz de su raíz, y nublado por las sombras de los peldaños que suben en un circulo infinito de repetición...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Antes de partir

Antes de partir, correndo e trepidando contra o vento os lenços de adeus... retém na retina da lembrança a marca profunda que dançava estática ao som de um perfume já quase esquecido, as sombras mesmas, bem trilhadas pelas pegadas de teus passos, corriam pela estrada de ferro como um arrepio inédito, para assim atualizar em seu rosto as luzes e as cores desvanecidas na marcha progressiva da distância dos vagões...
A gratuidade destas imagens, paga cara as condições capitais da poesia! As imagens, zumbido impertinente do inconsciente em sinestesia, obriga à opressão do peito o atalho fatídico: poesia... serão mais sinceros os caminhos percorridos pela palavra lírica que cem mil trabalhadores da literatura proletária, circulando com versos exatos de aço as margens de impossível contenção, numa aparente rigidez combativa, resistindo ao excesso, à melodia, cavando na própria razão a cova funda de suas sensibilidades mais nobres em favor de um coletivo que prefere derreter em seus músculos feito carrascos o ferro quente da ignorância...E é por isso que volto a me despedir. É lindo e certamente triste, o reencontro consigo, com o silêncio enorme do aceno, desenhando em arcos e vibrando no gesto a lágrima a espreita ao adeus do outro, querido, num mesmo ato de bem-vindas uma outra completude também quase tão companheira como querida, a solidão...

Definitivamente

Definitivamente, não preciso existir.
Se existe o produto de minha ausência em arte
E fizesse calar minha voz o verso
Meu olhar fosse o seu ao livro no prelo
Deixaria as linhas de meu destino no desatino da leitura
Da literatura minha e que por mim vive
Surra, urra, lânguida aparece de repente
Sem presença de vida
desvia a poesia uma cara oculta
A aparência nula, a repetição absurda
O sentido desdobrando em mais sentidos,
A máscara forçada à palavra usada
A lâmina suave rasgando a garganta
Fera de posições contrarias ao poente
Fera solta na prisão do corpo todo
Feito espectro inútil em fúria
Um lampejo de idéia escapa e retém brevidades
E retém no fim a apoteose das matérias do que resta
Resta pó e silêncio, resta a brisa em movimento
Saudações aos povos das ruínas,
que juntam pele entre as unhas
estão fatigados de signos,
numerando sem números a quantidade de mortos
a atravessarem o lençol maculado estendido
sobre alcova da história
sob a escassez da vida,
como sopro último do moribundo que fui...