Uma nuvem escura esconde de Montevidéu os bichos úmidos de uma esperança, à espera de um sol mais amarelo, talvez para lavar a bandeira de verdes que não tem, e reverter inversões exatas à flâmula norte americana, as cores desbotam nos pátios pátrios e é um mar de magoa o choro no peito do menino...
Nas ruas músicas deslizam seus acordos nas lajotas finas e quebradas, raízes de potências sumárias arrebentam o cimento para erguer além do céu ramos de verdades, que os têm, sob o firmamento celeste que demorando sobre enamorados uma ternura viva, deixa fundir as alianças, firmando um pacto de mãos dadas.
E é assim que me perseguem as duas amigas antigas de minha infância: imagens e lembranças. De naturezas dispares cada qual com a dor própria o e riso desmedido... sou de mim meu maior aliado, fui de mim meu grande inimigo, mas serei até o fim a finitude de minha sombra e senhor só de minha solidão.
Por isso quando passo, passo a passo os dias nublados, as músicas que emocionam, sob árvores, cheiros, arrepios conhecidos, no mármore alto que a memória esculpiu, no choro vazio de menino, pelas estrelas nas mantas vazadas, uma lua sem destino, fecho forte os olhos e sorrio, um minuto... e serão de novo todas as lembranças no peito guardadas, como o contínuo mar, de repuxo infinito...
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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Enroladinho como bolinha, o bicho úmido espiona pelas suas antenas supersônicas sóis longínquos, verde matas e o mar sem fundo. Cantarola baixinho no idioma Caetano: “a língua é minha pátria e eu não quero pátria, tenho mátria e eu quero frátria”.
ResponderExcluirCom brilho próprio expressa de maneira incontestável a beleza de viver a vida com tudo que ela tem para lhe oferecer, e assim, entre lágrimas e riso, esculpe o peito de quem pelo seu caminho passar.
Belo presente, besitos, mami.