sábado, 28 de fevereiro de 2009
Se sigo por você será - Resposta a Mamá..
...Eu sigo. Puxando estarão todos os vértices de minhas dúvidas ancoradas nas águas volúveis de meu reflexo. Estará lá, a problemática do porvir numa equação assustadora, em cubos mal calculados: a exatidão que o tempo exige Eu perseguirei - pelas estreitas horas do dia, arrastando as pesadas cadeias de minha história - as estrelas que apontam eternas as vísceras de minha poesia... Eu seguirei ainda, porque sei que à espreita me esperam para surpreender e festejar o logro novo de permanecer vivo mais um dia... Se sigo certamente é porque sei que virá. Virá tal qual você disse que seria, com a mesma descomensurada potência, com a força precisa daquelas imagens... e daquela paixão. Se eu sigo por você será...
HÁ DE VIR O QUE VIRÁ - Escrito por Adriana
virá
virará a esquina para te surpreender pelas costas
do teu pescoço pendurada arrebatará o fôlego estrangulará a garganta
virá
gigante e pesada arrastando seus pés e apagando tuas pegadas
virá
com unhas afiadas para fincar em teus ombros
virá
numa virada de lua e na ascendência solaz
fincará seus dentes na carne para te marcar
virá
quererás correr
mas ela mais irá te segurar
virá
descompassando os passos a te rastrear
fecunda a se multiplicar
virá
e não terás saída só te apaixonar
pela paixão que veio te buscar.
virará a esquina para te surpreender pelas costas
do teu pescoço pendurada arrebatará o fôlego estrangulará a garganta
virá
gigante e pesada arrastando seus pés e apagando tuas pegadas
virá
com unhas afiadas para fincar em teus ombros
virá
numa virada de lua e na ascendência solaz
fincará seus dentes na carne para te marcar
virá
quererás correr
mas ela mais irá te segurar
virá
descompassando os passos a te rastrear
fecunda a se multiplicar
virá
e não terás saída só te apaixonar
pela paixão que veio te buscar.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
26 de fevereiro de 2009
Mais e mais emaranhado na elipse das palavras, jogo de submersão e entorpecimento, as raízes aparo e nos rizomas paro. Na estória de vida, mais um dia cheio de letras, alguma incandescente fundiu-se numa frase e gravou à carne uma dor deliciosa de espírito... eu releio as correspondências neste jogo de desvelar e medo, neste jogo de sentir e ser... as escadas a galgar, levam a lugar algum. Idéias a furtar, pra berrá-la como se fossem minhas. Tanto beijo desperdiçado nas linhas destas grafias confusas, mas que de tão sinceras, iriam tatuar os teus lábios de versos sublimes!Saberá ouvir o seu coração a música do meu? Saberá decifrar, neste instante de encontro, as líricas selvagens que se desprendem de minhas verdades como se fossem suas verdades. Verdades inconfessáveis, inadmissíveis, insuportáveis... que atingem o ápice na proibição de existir, e extrapolam a existência, numa sensação intensa, inédita, que ultrapassa a distância deste instante para atirar-me ajoelhado, perfeitamente nítido no olhar do teu espírito que sentirá então palpitar apenas a música agitada de nossos corações...
24 de fevereiro de 2009
De que maneira seguir...? Isto aqui é falso demais, cabe em sílabas, signos, representações arbitraria, fortuito da palavra, causa escassa aproximação ao verdadeiro, é fingido escrever com teclas e não borrar nos pontos manchas quentes de sangue... O meu maior aliado, profundo reflexo que de seu olho resgato, agora, é meu gato. Pequena alma borbulhando ruídinhos satisfeitos...
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Olho dentro de teus olhos
Olho dentro de teus olhos e toda a verdade a mim se revela. E é a transparência dessa revelação a chave que abre todas as portas do mundo. Por vezes a névoa rasa que entre suas pálpebras se forma de lágrimas serve de lente para uma clarividência maior: toda verdade nada significa diante de tamanha beleza. Então comovido, numa comoção retida por entre os poros do espírito, busco o brilho de teus olhos em todo poço de luz do vasto platô do dia, por meio de livre associação relaciono dentre os mais banais acidentes cotidianos uma desculpa boba para trazer a tona a tua aparição...
Alerta, descubro você em tudo. A física do pensamento emoldurado pela janela atrai você aos raios do sol, por entre os carros que atravesso constantemente sem fôlego; nas tensões dos fios, nas curvas dramáticas das sombras das ramas, passeio meu pensamentos pelo fundo do céu, desço às pedras que se forçam em meus pés, e a cada sobressalto de compreensão imediata, de algum movimento desvendado da realidade, sublimação, volta num flash teus olhos, sempre o brilho deles, como símbolo nítido de algum milagre... Frente a ele toda a verdade vale o que uma mentira vale... não mais do que uma mentira vale...
Alerta, descubro você em tudo. A física do pensamento emoldurado pela janela atrai você aos raios do sol, por entre os carros que atravesso constantemente sem fôlego; nas tensões dos fios, nas curvas dramáticas das sombras das ramas, passeio meu pensamentos pelo fundo do céu, desço às pedras que se forçam em meus pés, e a cada sobressalto de compreensão imediata, de algum movimento desvendado da realidade, sublimação, volta num flash teus olhos, sempre o brilho deles, como símbolo nítido de algum milagre... Frente a ele toda a verdade vale o que uma mentira vale... não mais do que uma mentira vale...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Oh coração meu!
Oh coração meu!
que turvo fica quando nele se inclina,
em pantomimas,
uma conversa sua e minha,
uma conversa só de gestos
e carícias...
Perdidos nos montes
de cimento duro,
da vida quase toda dura,
de Sampa
saíamos ao carnaval
de nossas vidas,
comprometidos apenas
com a rapidez de nossas respostas puras.
Compasso sinalizado
com o suor de nosso gozo
o andamento físico
de sangue das artérias
nas valas do centro,
integro corpo de movimentos
simultâneos
– ah voz da urbe! –
Desejo sem contenção do coração,
me obriga ao mais sincero jogo,
atira do centro as pedras em fogo
entopem sem brechas,
qualquer possibilidade
de não-paixão!
que turvo fica quando nele se inclina,
em pantomimas,
uma conversa sua e minha,
uma conversa só de gestos
e carícias...
Perdidos nos montes
de cimento duro,
da vida quase toda dura,
de Sampa
saíamos ao carnaval
de nossas vidas,
comprometidos apenas
com a rapidez de nossas respostas puras.
Compasso sinalizado
com o suor de nosso gozo
o andamento físico
de sangue das artérias
nas valas do centro,
integro corpo de movimentos
simultâneos
– ah voz da urbe! –
Desejo sem contenção do coração,
me obriga ao mais sincero jogo,
atira do centro as pedras em fogo
entopem sem brechas,
qualquer possibilidade
de não-paixão!
Con la frente fría
Con la frente fría, rayos nulos se entrechocan con el muro: tapadera gris de mi visión de mundo. Distancias entre las letras de me actividad imaginativa y sentidos, sueño con la constancia de poder soñar, gozo del que vive, calma del que muere... se me aísla dentro una voluntad de guerrero encadenado en la furia del cuerpo sucio, perezoso, bañado a un vomito continuo de años de vinos espumantes en las olas heladas de una prisión oceánica de burbuja y mar, sur de pescas sin esperanzas, desnutrido, se me han secados los huesos y ellos han pinchado el lado más sensible del corazón.Y es por ello que no puedo escribirle ni siquiera al dolor. Duele más el intento. Duele como nunca el silencio. Duele el oído tapado, el desinterés, no tuyo – que nunca lo hubo- pero el mío mismo, como un canal de ritmos aburridos, conocido matiz por matiz de su raíz, y nublado por las sombras de los peldaños que suben en un circulo infinito de repetición...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Antes de partir
Antes de partir, correndo e trepidando contra o vento os lenços de adeus... retém na retina da lembrança a marca profunda que dançava estática ao som de um perfume já quase esquecido, as sombras mesmas, bem trilhadas pelas pegadas de teus passos, corriam pela estrada de ferro como um arrepio inédito, para assim atualizar em seu rosto as luzes e as cores desvanecidas na marcha progressiva da distância dos vagões...
A gratuidade destas imagens, paga cara as condições capitais da poesia! As imagens, zumbido impertinente do inconsciente em sinestesia, obriga à opressão do peito o atalho fatídico: poesia... serão mais sinceros os caminhos percorridos pela palavra lírica que cem mil trabalhadores da literatura proletária, circulando com versos exatos de aço as margens de impossível contenção, numa aparente rigidez combativa, resistindo ao excesso, à melodia, cavando na própria razão a cova funda de suas sensibilidades mais nobres em favor de um coletivo que prefere derreter em seus músculos feito carrascos o ferro quente da ignorância...E é por isso que volto a me despedir. É lindo e certamente triste, o reencontro consigo, com o silêncio enorme do aceno, desenhando em arcos e vibrando no gesto a lágrima a espreita ao adeus do outro, querido, num mesmo ato de bem-vindas uma outra completude também quase tão companheira como querida, a solidão...
A gratuidade destas imagens, paga cara as condições capitais da poesia! As imagens, zumbido impertinente do inconsciente em sinestesia, obriga à opressão do peito o atalho fatídico: poesia... serão mais sinceros os caminhos percorridos pela palavra lírica que cem mil trabalhadores da literatura proletária, circulando com versos exatos de aço as margens de impossível contenção, numa aparente rigidez combativa, resistindo ao excesso, à melodia, cavando na própria razão a cova funda de suas sensibilidades mais nobres em favor de um coletivo que prefere derreter em seus músculos feito carrascos o ferro quente da ignorância...E é por isso que volto a me despedir. É lindo e certamente triste, o reencontro consigo, com o silêncio enorme do aceno, desenhando em arcos e vibrando no gesto a lágrima a espreita ao adeus do outro, querido, num mesmo ato de bem-vindas uma outra completude também quase tão companheira como querida, a solidão...
Definitivamente
Definitivamente, não preciso existir.
Se existe o produto de minha ausência em arte
E fizesse calar minha voz o verso
Meu olhar fosse o seu ao livro no prelo
Deixaria as linhas de meu destino no desatino da leitura
Da literatura minha e que por mim vive
Surra, urra, lânguida aparece de repente
Sem presença de vida
desvia a poesia uma cara oculta
A aparência nula, a repetição absurda
O sentido desdobrando em mais sentidos,
A máscara forçada à palavra usada
A lâmina suave rasgando a garganta
Fera de posições contrarias ao poente
Fera solta na prisão do corpo todo
Feito espectro inútil em fúria
Um lampejo de idéia escapa e retém brevidades
E retém no fim a apoteose das matérias do que resta
Resta pó e silêncio, resta a brisa em movimento
Saudações aos povos das ruínas,
que juntam pele entre as unhas
estão fatigados de signos,
numerando sem números a quantidade de mortos
a atravessarem o lençol maculado estendido
sobre alcova da história
sob a escassez da vida,
como sopro último do moribundo que fui...
Se existe o produto de minha ausência em arte
E fizesse calar minha voz o verso
Meu olhar fosse o seu ao livro no prelo
Deixaria as linhas de meu destino no desatino da leitura
Da literatura minha e que por mim vive
Surra, urra, lânguida aparece de repente
Sem presença de vida
desvia a poesia uma cara oculta
A aparência nula, a repetição absurda
O sentido desdobrando em mais sentidos,
A máscara forçada à palavra usada
A lâmina suave rasgando a garganta
Fera de posições contrarias ao poente
Fera solta na prisão do corpo todo
Feito espectro inútil em fúria
Um lampejo de idéia escapa e retém brevidades
E retém no fim a apoteose das matérias do que resta
Resta pó e silêncio, resta a brisa em movimento
Saudações aos povos das ruínas,
que juntam pele entre as unhas
estão fatigados de signos,
numerando sem números a quantidade de mortos
a atravessarem o lençol maculado estendido
sobre alcova da história
sob a escassez da vida,
como sopro último do moribundo que fui...
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