Vou descendo as encostas que beiram o grande caudal de prédios, a sombra deles supera em altura qualquer cidade do planeta. Sigo a correnteza, agora vermelha e lenta, são meus arrepios os próprios tremores de asfalto. Desço uma escada, e outra, um viaduto atravessa o céu, um túnel passa sob minha cabeça, cabeça que se multiplica aos milhares nas luzes das poças, cabeças chatas.
Então, no frio de cordilheiras que os morcegos vêm entre as folhas secas, um cântico antigo ressoa no silêncio de tudo, um canto maldito, à saudades...
E é tal canto como a escadaria longa que num sem fim me repito a descer, degraus separam palácios das ruínas, ao longe o fixo deserto tolhe as asas, caminho sem elos, entre a união indivisível do que foi e do que virá. Caminho, pois se correndo fosse, um estreito e rápido fim me conduziria...
Continuo descendo as escadarias e é a saudades lá em cima uma sombra alta, a mais alta que jamais voltarei a pisar...
terça-feira, 14 de julho de 2009
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